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Broas de milho, café com cheirinho e rock dos anos 80. É o Double Trouble

Este pequeno café de três amigos brasileiros nasceu em Campo de Ourique com café de especialidade, tostas, sanduíches e bolos.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Double Trouble
Rita Chantre | Rico Capucho, Júlia Faustino e Thiago di Fonzo, proprietários do Double Trouble
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Três amigos gostavam muito de café. Dois deles já tinham trabalhado juntos – no Milkees e no Copenhagen Coffee Lab – e o terceiro tinha experiência em cozinha, tendo trabalhado no canal de televisão 24Kitchen. E também gostavam muito de comer, e comer bem. “Sempre que a gente saía junto ou em conversas de amigos, a comida era sempre uma coisa muito pensada, muito valorizada”, recorda, à Time Out, Júlia Faustino. Com Rico Capucho e Thiago di Fonzo (os tais amigos), começou por fazer pop-ups para dar a conhecer alguns pratos. O café de especialidade veio depois, quando abriram o seu próprio espaço em Campo de Ourique, no Verão. Foi aí que os “bebes” passaram a destacar-se e os “comes”, feitos na casa, tornaram-se o acompanhamento.

Os três vieram do Brasil, mas não chegaram todos ao mesmo tempo. Thiago vive cá há dez anos, enquanto Júlia e Rico estão em Lisboa há cerca de seis, sete anos. Após aventurarem-se no mundo dos pop-ups, o feedback positivo acabou por lhes dar o empurrão para começar, no ano passado, a procurar um espaço que pudesse acolher o seu projecto. “A gente começou a procurar o que tinha disponível. Por coincidência, eu vivia aqui próximo, então olhei muita coisa aqui em redor. Campo de Ourique não tinha muitas opções de café de especialidade, então foi interessante para a gente e, no final de contas, foi uma boa oportunidade”, conta Júlia.

Double Trouble
Rita Chantre

Parte do mobiliário, como as mesas de madeira com tampo de mármore ou o chão de azulejos, já cá estavam, da época em que um outro café habitara o número 38 da Rua Saraiva de Carvalho, em frente à Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Ainda assim, o processo de DIY foi grande – desde os pés das mesas que tiveram de ser recuperados e paredes que tiveram de ser lixadas ao balcão de madeira que foi construído de raiz. O resto dos móveis e das peças, em segunda mão ou vintage, foram achados: as poltronas coloridas à entrada, as cadeiras e os bancos, o gira-discos antigo num dos cantos. 

A ideia era criar um lugar acolhedor, inspirado nos cafés tradicionais japoneses, que se distanciasse da estética minimalista que costumamos ver noutros cafés do género em Lisboa. “A gente gosta da ideia do café antigo, onde as pessoas podem vir comer um bolo, tomar um café, conversar. Mais do que só um espaço para trabalhar, com o computador – permitimos, mas não é o nosso foco”, explica a proprietária. “A gente gosta de aproveitar o espaço, ouvir um disco, comer uma coisa gostosinha, trocar uma ideia, o mais acolhedor possível.”

Double Trouble
Rita Chantre
Double Trouble
RITACHANTREBolo de coco e americano gelado

Nesse sentido, concordam os três, há que tocar a música certa. Na selecção, encontramos sobretudo rock, hard rock dos anos 80, punk e, no geral, artistas do milénio passado. De jazz, há apenas um disco de Chet Baker. O lo-fi é estritamente proibido. O cardápio musical foi seleccionado tendo em conta o ambiente que se quer aqui estabelecer. Da mesma maneira, o menu foi pensado para ser o acompanhamento ideal do café de especialidade.

Para o espresso, utilizam um blend com 70% de café do Brasil e 30% de outro país que vai variando (tanto pode ser da Etiópia como do Ruanda), da RoastBerry. Para o café de filtro, o blend muda com mais frequência – pode vir directamente do Brasil, de torrefacções de São Paulo, ou do Porto. Além de espresso (1,20€), americano (2,50€) e macchiato (2,30€), também vai encontrar latte (3,50€), batch brew (3€) ou matcha (4€), servidos quentes ou gelados. Nos especiais da casa, há três opções: o Mont Blanc (4,20€), americano com gelo, natas e raspa de laranja; o Mount Fuji (4,80€), matcha gelado com natas; e o batido (5€), que leva banana congelada, leite, manteiga de amendoim, um shot de espresso e gelo.

Double Trouble
Rita ChantreTamago sando

Para comer, a lista de propostas não se estende demasiado e tenta seguir a sazonalidade dos produtos. É praticamente tudo caseiro, à excepção do pão massa-mãe, que vem da Crust. Há claras influências brasileiras e portuguesas, quer seja nas broas de milho ou no bolo de coco (3,90€), fofo e húmido, que é regado com uma calda de leite de coco e leite condensado e servido frio. E depois influências japonesas, em que a famosa tamago sando (9€) é reinventada com pão brioche, salada de ovo com maionese de miso, e crumble de chouriço. Pode optar ainda por outras sanduíches e tostas, com gouda e mozzarella (6,50€), tofu fumado com maionese de miso e pickles (7,50€), ou atum e salada de cenoura com maionese (8€). A tosta de banana (8,50€) leva doce de leite, banana grelhada e granola caseira.

Double Trouble
Rita ChantreBroa de milho

Quando começar a chegar o frio, hão de chegar novidades como pumpkin spice latte ou sobremesas como torta de abóbora. E mais cafés com cheirinho, isto é, eventos que acontecem à noite, algumas vezes por mês, com vinho ou outras bebidas alcoólicas. São uma forma de dar a conhecer um outro lado do Double Trouble, mas também de chamar novas pessoas. Não se sentam aqui apenas apreciadores e especialistas de café de especialidade. Gente nova, gente velha, vizinhos do bairro e estrangeiros – este pequeno café recebe todos.

Rua Saraiva de Carvalho, 38A (Campo de Ourique). Ter-Sex 09.00-17.00, Sáb-Dom 10.00-15.00

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